Quando um raio de luz mergulha sobre um cristal, o esplendor das cores se esparrama ao seu redor retalhando- o em um espaço multicolorido! Quantos mistérios se escondem atrás desse fenômeno simples, mas representa-lo numa tela ou em um ambiente é uma tarefa complexa. O colorido sempre foi a fonte inspiradora para artistas de todos os tempos - um enigma ainda não totalmente desvendado!
A luz mexe com as nossas emoções, seja em uma tarde ensolarada de inverno ou de um verão intenso. O poder que se irradia de uma simples visão pode transformar nosso humor como se fosse o dono dela. Entender essas variações e seus estímulos para provoca-la no espectador é um dos objetivos da pintura.
Acostumada a luz dos trópicos e poder trabalhar com suas cores vibrantes sempre me fascinou. Porém eu não conseguia entender a lógica de sua harmonia, notando que deveria haver um sistema que o regia. Após pesquisar e estudar em vão quase todas as teorias publicadas sobre o assunto, parecia-me que a combinação harmoniosa de cores era um segredo que os artistas guardavam para si mesmos - a sete chaves!
Amante da arte da aquarela, onde o misturar das cores sem perder a transparência tem extrema importância, lancei-me então numa pesquisa própria. Adquiri todos os tipos e cores de pigmentos existentes no mercado e ao mistura-los entre si, tentava recriar a magia da natureza. Mas quanto mais eu tentava, mais frustrada ficava, pois a mistura dos pigmentos resultava apenas em tons sujos e opacos.
Um dia, uma amiga que acompanhava de perto minha odisseia, presenteou-me com um exemplar de uma obra republicada em Londres, sobre os estudos do filósofo grego Pitágoras - The Secrets Teachings of all Ages pela Philosophica Research Society-LA. Era um manuscrito muito raro do filósofo que viveu no ano 400 AC, e entre suas teorias de Geometria, Astronomia e Música trazia também alguma referencia sobre cores.
Ele foi um profundo observador e estudioso da natureza, para ele tudo começava e terminava nela. Um fato que chamava sua atenção era em relação aos sons harmônicos: as dissonâncias e as consonâncias musicais. Foi ele quem criou o sistema das sete notas musicais do, ré, mi, fa, sol, la, si, dando a cada uma delas uma determinada cor do espectro solar. As cores primárias: amarelo, laranja, vermelho, magenta, violeta, azul e verde. Ele criou também todo o fundamento da harmonia musical - a lei das oitavas e a ESCALA DIATÔNICA.
Como a música tem uma teoria muito definida e comprovada, talvez eu pudesse me apoiar nela inspirando-me em sua harmonia. Era apenas uma relação das notas musicais com a cores mas para mim foi uma luz - um novo caminho de pesquisa que foi aberto.
Na ocasião, minha filha tinha aulas de piano com um maestro americano, Mr Georg Byrd, radicado na Alemanha, com quem eu comecei a ter aulas de teoria da música, mas enquanto ele falava em acordes musicais eu só pensava em cores. Notei logo que a música era sustentada pela matemática, logo as cores também deveriam ser, e o são!
No início confesso, foi apenas a curiosidade de entender seu mecanismo, mas fui logo encontrando pontos de convergência entre elas e fui me apaixonando!... Esperava ansiosa pelas aulas, que eram como o abrir da caixa de Pandora!.........
Percebendo que estava no caminho certo comecei a procurar outros prováveis seguidores dessa ideia. A relação de tons ou sons com uma cor específica já aparecia na antiguidade, precisamente no Oriente Médio. Na Renascença, Leonardo da Vinci, criador em vários ramos da arte afirmava: ¨A musica e a pintura são irmãs pois ambas dependem do mesmo princípio – o da Harmonia¨. Pomponius Gauricus, em 1503, em suas escritas " De Scultura", menciona a exatíssima harmonia do corpo humano e sua relação com a geometria e a música. Miguel Angelo, pintor e poeta, escreveu Madrigais, e para ele também a poesia e a música caminhavam paralelamente.
Segundo Rudolf Wittkower em seu livro ": Architectural Principles in the Age of Humanismus", Londres, 1952- " O conhecimento das proporções harmônicas de Pitagóras passou através da música para todas as outras artes". Mas essa relação só apareceu na Europa na Renascença com o desenvolvimento da sua arte e com o aprimoramento de seus artistas.
No Romantismo descobre-se o aspecto musical com Corrégio, cujo trabalho é comparado com o do músico Pergolesi, pois ambos usavam os tons altos e claros para representar a luz e os baixos e escuros para as sombras. O ponto alto desse encontro deu-se no Impressionismo, quando músicos e pintores como Delacroix, imitavam a natureza com seus tons e cores como inspiração para seus trabalhos.
Quais seriam os segredos de um bom colorido? Existiriam regras a serem seguidas? Se existe uma teoria comprovada da música, dar cor às notas seria a solução do problema ? As notas de um acorde transformadas em cores também seriam harmoniosas? E qual seria o segredo das maravilhosas cores do fundo do mar? Com todas essas perguntas borbulhando em minha cabeça mergulhei nessa pesquisa e a cada passo sentia estar no caminho certo!
Esse estudo foi feito com uma profunda pesquisa das cores, da música e de suas aplicações. A comparação entre elas foi feita intuitivamente, mas como dizia Pitágoras: -
¨O conhecimento é um processo cumulativo que se adquire observando os fenômenos naturais, os quais interpretados pelo consciente permitem que o inconsciente aja intuitivamente¨.
Comecei a aplicá-la em minhas aquarelas, lembrando-me de uma frase de Paul Klee ao pintar pela primeira vez sob a luz dos trópicos na Tunísia na África, exclamou:-
¨Agora eu me tornei um pintor!¨
E eu pensava Eureka!......
O profeta Pythoness colocou sua mãe, grávida, sobre um tripé de ouro, profetizando que ela daria a luz a um menino excepcional - um ser predestinado! Esse estaria destinado a suplantar todos os homens na área do conhecimento e através de seus estudos contribuiria muito para o progresso da humanidade. Através de todos os tempos, Pitágoras sempre foi considerado como tal, havendo até comparações do seu nascimento com o de Jesus Cristo. Ambos nasceram em Sídon, mais tarde chamada Belém na Síria, durante uma jornada, e ambas as mães foram avisadas sobre importância dos filhos que teriam.
O Deus Sol como era chamado então o Espírito Divino, apareceu depois também para seu pai, pedindo-lhe que não mantivesse relações carnais com sua esposa durante a gestação. Por esses motivos, ele foi chamado na época - o filho do Deus Sol! Seu pai ficou tão impressionado com o fato, que mudou o nome de sua esposa para Pythasis, em homenagem ao profeta.
Em 535 AC, Pitágoras foi para o Egito, onde foi aceito como sacerdote no templo de Diospolis. Foi iniciado em todos os mistérios de antigas doutrinas e também em Brahmins, a antiga Maçonaria. Em 525 AC, o rei da Pérsia, Cambyses invadiu o Egito, e ele foi feito prisioneiro e enviado à Babilônia. Em 520 AC, retornou a Samos, sua cidade natal pois Cambyses havia morrido e em seguida foi para Crotona no sul da Itália, para estudar leis. Lá ele fundou uma escola que foi chamada de - " O Semicírculo".
Ele é considerado o pai do Esoterismo e o primeiro a ser chamado de " filósofo", nome criado por ele mesmo, que queria dizer: -¨Aquele que se dedica a decifrar os mistérios da natureza". As mulheres também podiam tornar- se filosofas e ele casou–se com uma delas, Teano, a primeira mulher matemática e filósofa da história.
Pitágoras foi um grande estudioso do universo, do bem e do mal, do belo e do feio, afirmava que: -" "artista é todo indivíduo sensível que educa, interpreta e aplica suas percepções provenientes dos fenômenos naturais". Dizia também que os homens sabem o que desejam, mas poucos sabem do que necessitam, e explicava Deus, como um composto de substâncias de luz e de verdades, a causa e a inteligência de tudo.
Considerava essencial um entendimento racional do Universo e um de seus dizeres favoritos era: "Devemos evitar nos mostrarmos superiores, amputando com fogo e espada e por todos os outros meios das doenças da alma - a ignorância; do ventre- a luxúria; da cidade- o tumulto; da família- a discórdia; e de todas as outras coisas- os excessos¨.
Tinha poucos discípulos, aos quais ensinava os mistérios que lhe tinham sido revelados, o estudo da geometria, da música e da astronomia, com aulas que eram sempre iniciadas pelo canto, que considerava terapêutico. Por seus ensinamentos e descobertas ganhou muitos inimigos que o assassinaram. Existem diferentes relatos sobre sua morte, quando muitos dos seus seguidores também teriam sido também mortos.
Foi ele que criou os fundamentos atuais da matemática, da astrologia e da musica, considerando-se esse tripé triangular, a base das artes e ciências atuais, que graças a sua mulher e seus discípulos foram perpetuados.
Pitágoras acreditava que o universo era um monoacórde - uma única corda conectada na parte superior com o espírito absoluto e na parte inferior com a matéria absoluta! A arte da música, segundo ele, era uma ciência rigorosa com leis perfeitamente fundamentadas na harmonia, a qual por sua vez com fundamentos matemáticos. Ele, apesar de não ser músico, estudava a sua harmonia -as dissonâncias e as consonâncias musicais.
Um dia, enquanto meditava sobre ela, ao passar por uma serralheria enquanto o serralheiro martelava um pedaço de metal sobre uma bigorna, notou a variação dos tons produzidos por ele ao martelar o metal. Entrou na oficina e observando cuidadosamente o som das batidas e o peso do martelo teve o primeiro indício dos intervalos de uma oitava e de sua escala diatônica.
Ao voltar para a sua casa, fez uma armação de madeira na parede,com intervalos regulares onde instalou quatro cordas de metal. Na primeira corda pendurou um peso de doze pounds, na segunda um de nove, na terceira um de 8 e na quarta um de 6. Esses pesos correspondiam os mesmos pesos, composições e tamanhos usados pelo serralheiro dando diferentes tensões ao arame esticado.
Com esse experimento, ele descobriu que o primeiro e o quarto som tocados eram o mesmo. Eles produziam o mesmo som, a harmonia de uma oitava, isto é, ao dobrar ou dividir o peso conseguia o mesmo efeito - o mesmo som em um timbre mais alto ou mais baixo. A tensão da primeira corda era duas vezes maior que a da quarta e assim por diante. A nota DO ou C, tocada em diferentes oitavas do piano, ecoa o mesmo som, embora mais alto, mais baixo, mais grave ou mais agudo, mudando apenas seu timbre. No estudo dos sons musicais em cordas esticadas, sob a mesma tensão, descobriu a relação altura e timbre do som da nota emitida com o comprimento da corda.
Explicando melhor -de todos os sons das notas musicais emitidas, só são sete os que podem ser diferenciados pelos nossos ouvidos, já que o oitavo é a repetição do primeiro - mais grave ou mais alto, o que ele chamou de OITAVA! E assim também as cores que apenas 7 tons podem ser diferenciadas pelos nossos olhos. A primeira nota Do do piano tem vinte e quatro vibrações, para que uma escala seja completa tem que terminar no DO seguinte no dobro das vibrações, ou seja, quarenta e oito vibrações, e assim por diante.....
Ele então criou as sete notas musicais da oitava:-DO, RÉ, MI, FÁ, SOL ,LÁ E SI atribuindo a elas as sete cores do espectro celeste: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul e violeta.
Ele foi tão longe em suas pesquisas que pode reconhecer o poder da musica sobre os sentidos e as emoções. Para comprovar como uma melodia provoca os sentidos, ele fez diversos experimentos e em um deles colocou um músico tocando numa esquina da cidade. Conforme a frequência da melodia, um homem que batia à porta da casa de sua amante, tornou-se enraivecido e começou a querer derrubá-la, mas quando a frequência mudou, acalmou-se e foi embora. Ao ter conhecimento do poder da musica sobre as emoções, a igreja católica decretou que as composições musicais apenas poderiam ser criadas pela igreja e a sua desobediência poderia ser castigada até com a morte.
Comprovando as leis de Pitágoras, o químico John A Newlands 1837/1898-,em Londres, aplicou a lei das oitavas como modelo para os elementos químicos. Ele ordenou os elementos químicos na ordem ascendente de seus pesos atômicos como na escala musical, e descobriu então que todo oitavo elemento químico era uma repetição das propriedades do primeiro. Contribui com isso para a criação das leis periódicas, lei que é conhecida como a lei das oitavas da química moderna.
Desde que foi comprovado que a harmonia não é determinada pela intuição e percepções, mas por razões matemáticas, Pitágoras a chamou de Cânone. O princípio do cânone é de um motivo ou tema repetido ou tocado contra si mesmo. Isso acontece quando vozes ou o mesmo motivo principal é copiado várias vezes. Na música, isso acontece de várias maneiras, e é também chamado de FUGA, ex: nas canções de roda. Na arte, nos desenhos de estamparia onde o mesmo motivo repete-se ordenadamente.
Na geometria ele acrescentou a esfera às formas sólidas já conhecidas na antiguidade - a mais perfeita delas. São elas:- tetraedo, cubo, icosaedro, dodecaedro, pentágono e esfera. Na aritmética, é atribuído à Pitágoras várias descobertas:- as propriedades dos números inteiros e sua classificação em primos e compostos, pares e ímpares; o máximo e o mínimo divisor comum.
Na filosofia pitagórica tudo eram números, concepção essa que vinha dos números naturais aplicados aos objetos geométricos, e todas as medidas podem ser mensuradas tendo como base uma unidade de medida. Entre as descobertas de Pitágoras, a mais importante delas é o teorema que leva seu nome, seu enunciado:- ¨Em qualquer triangulo retângulo , o quadrado do comprimento da hipotenusa é a soma dos quadrados dos comprimentos dos catetos¨.Hipotenusa = lado oposto ao do ângulo reto Cateto= os dois lados do ângulo reto.
O triângulo tetraedo é o amarelo no centro, os quadrados resultantes dos lados, tem diferentes áreas, mas elas têm uma proporção entre si. O símbolo que representava os pitagóricos era o pentagrama ou pentágono estrelado, devido as propriedades dessa figura. Ao cruzarmos dois pentágonos, formam um novo pentágono, chamado de secção áurea.
Para dar continuidade a minha pesquisa e entender como era usada a harmonia tive que retornar ao princípio da história da música.
No começo da Cristandade surgiu uma outra maneira de ver e entender o universo. O papa Gregório, o grande,no sec. VII, ordenou que fosse criada uma melodia simples e perfeita para os rituais da igreja. Essas criações levam seu nome -Cantos Gregorianos, uma música de sons claros, calmos, transparentes e modulações bastante típicas, chamadas de melismas
Conhecia-se os efeitos provocados pelas diferentes formas de composições, das quais brotavam emoções como: de ira, paz, paixão, etc O coral gregoriano não nasceu do espírito ocidental, mas foi uma ponte entre as culturas orientais e ocidentais. È um sistema que admite não uma relação entre os tons, mas sim um parentesco entre eles.
Benedito de Nursia que fundou o mosteiro de Montecassino em 529 DC, adotou os cantos gregorianos para os rituais da igreja o qual é usado até hoje. Sua raiz é a modalidade, a proporção ou a equidistância entre os tons da escala diatônica de Pitágoras. Modalidade no sentido da palavra são modos ou diferentes aspectos de uma coisa.
Existe uma semelhança entre os modos musicais gregos antigos com os cantos gregorianos por causa da modalidade. A modalidade era e continua sempre a base mais rica da musica de todos os tempos. O princípio da modalidade é o diatonismo, que a escala de 7 notas com cincos intervalos e dois semitons de Pitágoras. O diatonismo aparecia também no sistema grego, a base mais rica da musica antiga e da moderna. Ele não admite alterações, mas também não leva em conta o cromatismo.
A música na idade média era como uma pintura em tons de cinza, só se considerava o seu valor tonal, isso é o claro escuro
As composiçoes musicais não consideravam o cromatismo, a cor em si mesma, a harmonia acontecia pelo grau da cor em uma escala de cinzas a preto, chamada de melódica da escala monocromática. Se fecharmos os olhos e comprimindo a testa em direção ao nariz, ao observarmos as cores, veremos que todas têm seu valor tonal.
Andreas Werckmeister (1645/1706), organista alemão, teórico musical e compositor da era barroca, dividiu a oitava de Pitágoras (7 notas/cores) em 12 partes iguais e ordenou a quantidade de vibrações do meio tom para meio tom através do multiplicador 1,05946, a frequência do C/ DO, divisão essa que Bach também adotou na construção do piano.
Só posso considerar em cores como meios tons o amarelo
limão na mistura com a parte fria dos verdes e amarelo ouro na direção dos
quentes, dos vermelhos, e o roxo para o lado frio e o magenta para o quente .
A harmonia funcional foi introduzida no Brasil por Hans-Joaquim Koellreuther, um alemão nacionalizado brasileiro. De acordo com ele, a principal função do acorde está na TÔNICA, a qual lhe dá o nome, sua função é de repouso- a mesma da cor complementar. A função de aproximação é da dominante – de maior área, e a de afastamento é a subdominante. Essas funções, segundo ele, permitem criar uma perspectiva temporal. Nos concertos de musica clássica temos geralmente o grande final dava-se com o encadeamento da dominante mais a tônica- isso significa- a soma das duas cores complementares- dão sempre um NEGRO! Meu intuito é utilizar a teoria da música para elaborar uma nova teoria de cores adaptando-a quando possível. Adoto também os tons raízes de Andreas Weckmeister resultando os 12 tons em cores.
A MUSICA DO CLASSISMO
Johann Sebastian Bach( 1685/1750) foi um compositor alemão, organista, mestre na arte da fuga e do contraponto. Ele não ganhou reconhecimento durante sua vida, mas hoje é conhecido como os 3 B da musica - Bach, Bethoven e Brahms, e considerado o pai da música ocidental. O seu maior feito foi a criação do piano temperado, tal como hoje o conhecemos, onde aplicou os conhecimentos de Pitágoras sobre a escala diatonica. Esse sistema internacional de escalas sonoras que me serve também como ponto de convergência para um sistema de cores.
Seu pai era capelão e mestre da corte do rei da Prússia, Frederico , o Grande, cuja corte em Potsdam era frequentada por grandes pensadores como Voltaire e também pelo matemático Leonhard Euler. Seu pai apresentou ao rei o pequeno Bach, e esse ficou impressionando pela capacidade de improvisação do menino ao piano.
Casou-se com uma prima, mas ela também morreu cedo e ele no fim de sua vida ainda ficou cego. Passava a maior parte de seu tempo dando aulas de piano, mas também era organista em diversas igrejas.
O instrumento musical da época era o Cembalo ou piano forte, onde a melodia só podia tocada com os sons na mesma altura.
Qualquer pessoa que analise as fugas de Bach pode constatar sua preocupação com a modulação e a harmonia. Seus trabalhos lhe exigiram uma reforma no teclado do piano e de todos os instrumentos musicais e com consequência também na maneira de compor - ele dava muita importância à frase musical!
O teclado do piano pode ser pensado também como cada oitava em tons de cinza, começando pelo mais claro, a seria das notas mais altas FA, e ao mais escuro- as notas mais baixas SI. Essa correspondência também pode ser representada pelas cores, considerando seu valor tonal.
Organista, como era, foi inspirado num coral, que criou o piano temperado, o mais completo dos instrumentos musicais, o qual tem sete oitavas de seis teclas brancas e quatro de negras. Temperadas pela temperatura e timbre como as vozes de um coral- mais altas e mais baixas, a mesma melodia cantada em diversas vozes e em diversas alturas.
O brBranco é a soma da mistura de todas as cores em luzes, mas em pigmentos é o negro, que é sua cor complementar. Ela se divide inicialmente em 3 cores raízes : magenta, azul e amarelo, como no exemplo abaixo, as quais misturadas entre si, nos dão as 12 cores de Andreas Weckmeister.
No g No grafico abaixo mostro como as cores complementares se distribuiem em cada oitava do teclado do piano. Em musica é chamado de intervalo da quinta justa. A distancia entre duas notas complementares. Essas duas notas/cores são consideradas uma consonância perfeita pois se fundem em uma harmonia total.
MANTRAS
TRIADE
Ternário é o par de elementos de princípios complementares ou opostos que encontra um terceiro elemento intermediário e equilibrador- esse é o princípio da harmonia.
O número três reina em toda parte do Universo, Ricado Cirenti em seu Manual do Aprendiz e os Grandes Iniciadores, afirma: " Todos os grandes iniciadores religiosos tiveram consciência da grande importância da lei do ternário; dessa maneira cessa o conflito dos opostos e a dualidade torna-se fecunda. Exemplo: O pai e a mãe que geram um filho."
O triangulo tetraedo de Pitágoras é um símbolo de força e poder e suas 3 arestas representam o mistério da Unidade, Dualidade e da Trindade, ele é representado por um triangulo e tres quadrados, equivalentes a uma figura em quatro de faces.
Pintura de Renoir
No exemplo do papagaio: o azul turquesa lança a cor vermelho-laranja, sua complementar, sobre a borda do próxima cor, que por sua vez lança a sua complementar azul-turquesa sobre ela, e a soma delas resulta em um verde musgo, que são as penas entre as duas cores do corpo e da cauda.
CLAUDE DEBUSSY
Em 1884, Debussy com 22 anos, criou o prelúdio “O Filho Pródigo” e ganhou o Prémio de Roma. Ele passou então quase três anos na Villa Medici, onde estudava e tocava no piano as obras do compositor Palestrina durante as missas.
Foi então que o sentimento já manifestado nas aulas de harmonia do conservatório, reapareceram e foram eles que o levaram a buscar novos caminhos e novas formas de composição.
http://www.youtube.com/watch?v=wtI4AYxNCH0
Enquanto os artistas impregnavam seus quadros e poemas de cores e luz, Debussy tentava sozinho colorir suas composições musicais. Enquanto todos usavam acordes da escala diatônica, ele mantinha um estilo próprio.
O Si ou H, é a única nota que pode ser alterada ou bemolbelizada, sem fazer nenhuma diferença no sistema diatônico. Elas são lidas sempre no sentido ascendente, enquanto os modus gregos são lidos no sentido descendente, e são os intervalos que constituem o modo.
A transposição é feita pela modulação, na quarta ou quinta nota, contadas partir de sua tônica. Teremos assim protus em Re,Lá e Sol com Si bemol. Deuturus em Mi, La bemol, e Si ou H sustenido. Tritus em Fa, Si bemol e Do. Gregorio) – hexa- acorde de seis notas- tinha um padrão fixo de intervalo.
A geometria dos gregos era fortemente influenciada por considerações filosóficas, estéticas, religiosas, a qual via perfeição em tudo o que era circular. A palavra Polígono significava "muitos joelhos" e Isósceles significaria "Pernas iguais".
Ele frequentou outras igrejas e religiões, como o
Islamismo e o ocultismo, crença neo-pagã anterior ao cristianismo que afirma a
existência do sobrenatural e dos princípios físicos e espirituais. O símbolo
dessa crença era o pentagrama, o que para
os esotéricos e pagãos representa os cinco elementos: a terra, o ar, a água, o
fogo e o espírito.
Na geometria, o pentagrama é a denominação
dada ao pentágono regular estrelado, usado como talismã pelos pitagóricos, ou
seja, seguido nas regras de vida
atribuídas a Pitágoras.
A ilustração de Leonardo da Vinci para o livro “A Divina Proporção”, do monge franciscano e matemático italiano Luca Pacioli, mostra as relações geométricas do homem com o universo. O chamado “Homem Vitruviano” representa o pentagrama sob uma figura humana.
Embora o pentagrama sempre tenha sido
relacionado com o belo e o bom, no século XIX o pentagrama invertido passou a
ter uma conotação relacionada com o “mal”. Éliphas Lévi (1810 – 1875), alegava estar a extremidade inferior do
pentagrama apontada para o inferno, indicando o “reino de Satan.
O pentagrama é uma estrela de cinco pontas derivada do pentágono e era utilizado como símbolo de doutrinas esotéricas, já o pentagrama musical é uma pauta musical formada por cinco linhas horizontais paralelas, que formam quatro espaços entre si, onde são escritas as notas musicais.
O ciclo Coltrane, como é chamada sua harmonia, segundo teóricos e pesquisadores, é um circulo com um pentagrama dentro. Seu interesse pelas relações cromáticas de terças com a simetrias e geometria musicais, dizem que foi inspirado na religião e espiritualidade, mas a divisão em cinco quintas de Pitágoras ," die Pythagoräische Komma"já era usada na música barroca, sendo o último tom da quinta escolhido aleatoriamente.
Essa rosácea é de um sistema tonal criada por ele, na qual eu apenas coloquei as cores das notas, podemos notar o pentagrama ordenando as notas musicais.
O sistema tonal não é simplesmente um conjunto de notas ou cores distintas, mas um sistema que possue um relacionamente, quase um parentesco ( DNA) familiar; pois notas que compõem a escala cromática estão sob a mesma temperatura..
Comecei esse blog, quase como meu rascunho,i pesquisando trabalhos de arte da antiguidade, o uso de 2 cores ou duas notas (mantras), de três cores ou 3 notas (acorde), quatro cores ou notas (tetra acorde) e parei no acorde de quinta., pesquisando o trabalho musical do jazz de John Coltrane. Ele além de usar as quintas de Pitágoras, já usado na música barroca onde o quinta nota ou cor é aleátoria, passiva de mudar um sistema para outro ,chamado de modulação, de maneira harmônica e nova..Seu sistema mudou toda a concepção da teoria da música, servindo de inspiração até para a bossa nova.
O mundo em que vivemos não tem cores, é em tons de cinzas e preto, pois as cores das matérias, objetos,etc são produzidas em nosso cérebro através de três bastonetes amarelo, vermelho e azul que se conectam com outra parte dele, a mácula. Ela é a parte central da retina, com fotorreceptores, que recebem os raios luminosos e os transformam em impulsos elétricos.
Algum tempo se passou, e embora não tenha acrescentado nada nele,a minha cabeça continuou a me fazer perguntas, sempre tentando entender e explicar o caminho no uso harmonioso das cores.….. Ao tomar meu banho de sol, quase diário, embora com os olhos fechados via cores movimentam-se na minha mente. Sempre soube que tem luz e cores no cérebro, muitos cegos afirmam isso,então resolvi pintar essas cores ,lembrando sempre que é dificil reproduzir as cores no computador.
Notei que começa sempre com uma cor forte em uma pequena área, aumenta com outra cor, para outra um pouco maior e depois outra, mas não passa de cinco cores, começando tudo novamente com novas cores. O mais interessante é que a cor da menor area, que seria a tônica, tem sua complementar sempre na quarta cor e a quinta serve de modulação para outro sistema... Percebi que essa é uma conexão natural do nosso cérebro, uma vez que estou com os olhos fechados e não olhava para coisa alguma.
Cientistas afirmam que temos uma massa cinzenta no cérebro,ainda pouco conhecida, chamada de zona incerta, que desempenha um papel importante no aprendizado e da memória. Ela funciona como uma rede de semáforos que otimiza o tráfico do cérebro, não pela excitação dos neurônios, mas pela inibição deles. Essa inibição cria uma otimização do fluxo de conexões para outras áreas.
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Tentei usar esse sistema de harmonia cores em um auto retrato e gostei, foi uma maneira diferente e nova de pensar, mas me pareceu harmônico.
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Como se trata de raio de luz em suas diferentes aplicações, me chamou atenção o prêmio Nobel de 2023, dos cientistas ALAIN ASPECT, JOHN CLAUSER E ANTON ZELLINGER sobre experimentos das conexões do entrelaçamentos de partículas subatômicas,chamado de o ponto quántico, que deram cores a eles.
Sabemos que a matéria filtra o raio de luz de acordo com a essa densidade, como um filtro de cozinha, mais ralo ou muito fechado .A cor do objeto ou matéria é aquela que é expelida, pois as outras são absorvidas. O raio de luz era considerado reto e direto, mas os cientistas descobriram que formam um emaranhado e se misturam, como as cores numa paleta em novas cores ou no caso de conexões.. Foi possível, a eles, constatar como essa conexão se opera e também como o sistema se repete.
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